Axé
- Daliane Azevedo P. Guimarães

- 19 de nov. de 2022
- 2 min de leitura

Final de semana chegou e com ele uma comemoração que deve ser repetida, até que não seja mais necessária - quase uma quimera, mas não desistimos.
Fiquei toda a manhã a observar a escola em que trabalho, a movimentação, comemoração e identificação das pessoas daquele lugar. O quanto a representatividade pode mudar o olhar, tocar a consciência, brotar futuro.
A cor da pele não pode ser sinal de demérito, incompetência, incompletude, desvalorização. E quando um "canto pedagógico" como o nosso, sai das quatro paredes da sala de aula e resgata o valor do negro brasileiro, afrodescendente - com sua cultura e propriedades todas, dando "mais um basta" ao preconceito, é uma sementinha que plantada em terreno fértil pode brotar o porvir tão desejado.
Penso que a força desse "dia da consciência negra" toca em aspectos ainda mal interpretados - pela condição que temos de reprodutores de comportamentos - sejam eles com boa intenção ou não!
Dia de reforçar o valor do negro, para além da culinária, das vestimentas, da força e beleza física, do passado doloroso… Um dia específico para se pensar no povo que fomos e naquele que queremos ser. Sim, falo mesmo no coletivo, na primeira pessoa do plural! Não descarto minha ignorância em muitos aspectos destas reflexões todas.
Somos mesmo misturados, miscigenados, realinhados e interessados em mudar de comportamento em relação ao outro?
Há muito ranço de racismo que gera rancor, que segrega, que diminui - principalmente quando este dia de novembro é lembrado como o dia do mestiço e/ou do branco se encher de adereços afros e pensar que neste ato está uma exaltação e superação de tudo que ainda precisa ser modificado.
Não é subjugar uma descendência em detrimento à outra ou à sua mistura com as demais, mas é compreender que muitos não encontram espaço livre até hoje - a depender da melanina, para ser quem quiser, para serem olhados com capacidades mesmas e que um dia no calendário ainda é envolvido e entendido de forma errônea.
Exaltar o valor do negro neste dia e em todos os outros, é permitir que para além de aceitar tudo misturado, temos um longo caminho de respeito, equidade, estudo, expulsão de cada broto racista que ainda permanece em nós.
O tom da pele precisa ser apenas um diferencial, não a marca para diferentes tons de tratamento, merecimento ou medida de conduta.
Estamos muito longe de retirar este dia do calendário, no entanto, que entendamos cada vez mais quem são e quais são, os brasileiros dos duzentos e quinze milhões que precisam ser olhados, contemplados e respeitados neste dia e em todos os 364 dias do ano.




A cada texto seu amiga, vidas são impactadas. Parabéns!❤️👏👏 Que orgulho de ti e da leveza das suas palavras, tão conscientes e cheias de vida.
Que seus textos continuem tocando a vida e o coração das pessoas!! Tanta reflexão, tanta emoção!!! Gratidão!!!