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Abertura ao TEMPO, uma coletânea de revivais

  • Foto do escritor: Daliane Azevedo P. Guimarães
    Daliane Azevedo P. Guimarães
  • 20 de mar. de 2024
  • 3 min de leitura


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A delicadeza do agora, me pede palavras. Eu hesito escrevê-las no tempo dos acontecimentos, no entanto, elas fazem parte da minha retomada interna e principalmente - possuem alcances que nem sei! Quem traduz cada texto, tem consentimento para trazer para si outros tantos detalhes que prolongam mais ainda o poder que as palavras têm.


Um mês querido por mim desde que me entendo por gente, esperado, alegre, lembrado há tempos no meu calendário da existência. Minha irmã celebra o dia 14 e minha mãe e eu o dia 19. Mas há tempos não sentíamos este mês tão sem brilho. Não esperávamos duas perdas no intervalo de 7 dias.


E diante de duas passagens difíceis de lidar, em proporções destoantes, ecoa em meu pensamento a pergunta: "Quantos morrem naquele que morre?"- frase replicada pelo Padre Fábio de Melo e que começo a entender, da maneira mais tensa que eu sequer imaginaria viver.


Morrem todas as versões que os falecidos tinham de cada um que convivia com eles. As leituras e afetos, os recortes melhorados de nós que um dia escolhemos escutar. Seria um entendimento egoísta ou gratidão pelo que viam de nós? Dependerá de inúmeros fatores ou certo grau de afeto - para se chegar num lugar de compreensão dos fatos.


Estes mistérios da existência humana tem energia suficiente para serem místicos, inexplicáveis, indecifráveis e talvez cheguem numa conexão confortável com aquilo que plantamos na gente desde sempre.


Somos resultados daquilo que nos dizem sobre nós e do que construímos a partir de então. O que faço com tudo que já fizeram em mim, pra mim e por mim? Quantos eus tenho dentro da versão que quero expor? Qual parte de mim que os que se foram, evidenciavam?


Nascemos, morremos, comemoramos fim e começo todo o tempo. E quem é o tempo, senão um junção de agoras, que se fazem passado e nos impulsionam o olhar? Quem é o tempo senão uma coletânea de revivais, um conjunto de porquês - sem respostas alinhadas?


Questionar os céus? Vitimizar ou acolher? Chorar e caminhar, lavar a alma, falar de vida, pensar na morte e por alguns instantes perceber-se "ainda vivo". Abrir os olhos para a ordem do luto, do silencioso, do secreto. É entender que o extraordinário também chegará, fora do nosso controle, em dias iguais.


Nesse meio tempo encontrei "nas águas de março" o resultado de pequenas alegrias, somado às lágrimas necessárias. O mundo pede pressa e viver sem paradas não sustenta nossa existência. Qual o segredo do processo? Consegui ver uma suposta resposta em algumas pessoas e nesta canção:


"...Trago pra você um abraço

Um descanso pro cansaço

Um amparo pra alma

E trago junto essa conversa

A gente senta e fala a beça

Sem ter hora pra parar

Eu sei, que a vida às vezes perde a cor

E parece acabar

Calma, que a alegria tem a cor de uma flor

Que vai desabrochar

Trago pra você uma dança

Um ensaio, uma lembrança

Alguém só pra te contar

Que o amor distrai a morte

A gente nem sempre é forte

Pra entender e aceitar..."


(Da cor do girassol - Bryan Behr)


Ontem ganhei orquídeas - como presente das "minhas amigas", pelos meus 42. E em todo este meu tempo de vida sigo compreendendo que o "amor distrai a morte" e quem temos na vida, morará PRA SEMPRE dentro da gente!


 
 
 

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