Amar também é deixar ir...
- Daliane Azevedo P. Guimarães

- 8 de mar.
- 2 min de leitura

Um desenho por encomenda, um encontro, uma despedida... Pequenas e grandes manifestações de afeto que nunca sairão da memória.
Na imagem, uma amiga e eu. A artista, Iza, em sua mais inspirada manifestação. Foi o que viu e assistiu de nós nos últimos dias.
Só hoje consegui escrever com um pouco mais de respiro, o tanto de detalhes que este precioso desenho tem. E como nada é por acaso, hoje é o dia da mulher, de todas mesmo! No entanto, aquelas que tem o privilégio da amizade feminina, sem julgamento, disputa, que incentiva, confia e é amável – este dia tem ainda mais importância, para que sigamos a luta por todas aquelas que não possuem a liberdade de sermos juntas - muito melhores.
Despedir-se de um ciclo de carinho presencial nunca foi uma das coisas mais fáceis, aliás, é entender de perda e crescer nela, sentindo o quanto as mudanças são inevitáveis e que o estado de permanência só existe na imaginação.
Dizer até logo, vá em paz, tome posse do que é seu, estarei por aqui, você me fará falta... é um privilégio absurdo quando olhamos o mundo atual. Há uma infinidade de pessoas sozinhas, sem experimentar uma só amizade verdadeira, leve, feliz, que te olhe nos olhos e enxergue a alma.
Amar também é deixar ir e, principalmente, reconectar, abrir o portal dos recomeços e compreender o quanto é sofrido não enxergar o que virá. Mas vamos, em frente, na constância que os nossos pés conseguem, na crueza dos dias mais doloridos pela falta e no conforto da visualização de dias de reencontro.
Grata aos céus pelo angelical contato, porque não foi o dedo d’Ele, foi o abraço inteiro, foi a suavidade de seu olhar, foram as conversas que pareciam parar o tempo, as risadas de cada situação, a escuta, a interpretação dos pequenos movimentos, a surpresa das diferenças e principalmente a alegria das afinidades. Meses de conexão – sem que esta palavra pudesse ser banalizada em nenhum instante.
Quantas vezes na vida é preciso fazer de novo, plantar de novo, despedir-se de novo, até que entendamos "da vida secreta das árvores", da sombra que já existe dentro do ideal de semente. Tenho certeza que amizade é bem isso: “árvore”. Tem a ver com plantio, colheita, dias ensolarados, chuvosos, podas, frutos, amor despretensioso e trocado.
Pra mim nunca foi barulho, é olhar e em certo tempo, aprender que a distância pode doer, mas não mata o cristal do afeto.
Amar também é deixar aquele dia especial sem a foto que a gente planejou e, com o traço mais lindo de alguém que nos olhou de camarote e vem observando e internalizando o significado de amizade – sem que eu precise explicar uma palavra.
Os voos são inevitáveis assim como o retorno aos melhores abraços e o agradecimento por cada dia possível e compartilhado.
Continuo conjugando o verbo amar, no gerúndio, como ela me ensinou a ouvir, sentir e dizer.




"Há uma infinidade de pessoas sozinhas, sem experimentar uma só amizade verdadeira, leve, feliz, que te olhe nos olhos e enxergue a alma."
Dali, me peguei pensando nisso dias atrás. Sim, há uma infinidade de pessoas sozinhas, que muitas vezes precisam ser enxergadas, abraçadas, amadas e que, por motivos de orgulho, preferem ficar escondidas, sofrendo em silêncio por não ter a correspondência de uma amizade verdadeira. "Amizade também é plantio..."
E que saibamos regar a nossa amizade para que, mesmo distantes, possamos manter a mesma conexão da presença física.
Admiro muito você! ❤️
Ps.: Que desenho lindo! Parabéns pra Iza. É uma artista.🤩
Como sempre, tão reflexiva em suas palavras, voltando nos ao pensar, agradecer e amar. Tão lindo o desenho e tão significativo o que escreveu, amiga. Saudades!❤️😘