Defeitos de fábrica
- Daliane Azevedo P. Guimarães

- 3 de nov. de 2022
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Somos produtos do meio, mercadorias inteiras, pedaços encaixados na vida que se prolonga neste planeta, mas reconhecidamente capazes de evolução. Ainda há luz na humanidade. A minha alegria de véspera se confirmou - na estrela que brilhou domingo. E aqui vale a estrela da democracia, que vez ou outra, pode significar o símbolo do Partido dos Trabalhadores - no entanto, reafirmo a minha preferência por qualquer outro candidato que concorresse e não trouxesse os malefícios dos últimos três anos e dez meses.
Não sou juiz para condenar o atual presidente, nem o absolver - pois todos nós temos defeitos de fábrica e a vida se encarrega de devolver o que espalhamos por aí. Não desconsidero o desvio de caráter, os pacotes de perversidade derramados em nossa nação, apimentados por este "representante" que não nos representa. Desculpem-me os adeptos - posto que são muitos, mas a verdade não pode ser escondida.
Notícias falsas, pintadas de absoluta concretude foram e ainda são disseminadas dentro das igrejas, nas falas dos mais ricos - ditos esclarecidos e muito estudados, grupos intencionalmente propensos à manipulação dos jovens "estudantes" que fazem leituras breves de qualquer coisa que lhe oferecem pelas redes - sem filtro, sem fontes, sem rio direcionado para o mar da informação que instrui.
Não pode haver endeusamento de pessoas, não é lado A ou B, nunca pode ser: diminuir o outro para se exaltar, é desvendar os olhos, os mistérios que há por trás dos que julgam os outros - e os destinam ao inferno.
A mulher, o negro, o homossexual, o pobre, o nordestino, o brasileiro que toca sua vida honestamente - e que não se deixou ludibriar, nem mesmo pelo seu dirigente religioso, estão 2 milhões de vezes, de PARABÉNS!
O "presidente" Lula venceu democraticamente e não há terror que possa desbancar esta conquista. Ainda que os mais radicais, "orantes" de plantão, tentem demonizá-lo. Ele também tem defeitos de fábrica, mas reluz vontade, respinga alegria, reconsidera seu papel, reage com solidariedade, representa o povo do Brasil, resguarda sua essência de aprendiz e sinaliza bons ventos.
Escutamos os seus sinais e declaramos voto a voto a sede de PAZ. Foram quase quatro anos de medo, injúrias, bocas silenciadas, rescaldo de ódio e o despertar da raiva no país inteiro. De um lado - os apoiadores, em sua maioria grotescos, machistas, preconceituosos e malfeitores (que sempre existiram, mas visualizaram um guru pra chamar de seu), e no outro extremo - todos aqueles, petistas ou não, engasgados, à flor da pele, vendo o país ser enterrado pela ignorância e falta de zelo.
O poder da democracia, da escolha democrática do candidato fecha um ciclo horroroso do nosso país, que muito pouco contribuiu para o desenvolvimento das mentes, a despeito do entendimento do tipo de caos que não queremos mais.
Tenho esperança na bandeira brasileira resgatada, nas pessoas que votaram como protesto, contra o desmonte da economia, da educação, a favor da proteção ambiental, da polícia que educa, do político que apazigua, do olhar sincero para o diferente. Não é a figura da presidência que nos representa, são os caminhos abertos a partir dele que farão o país mais livre da lama ou mais imerso nela. Que consigamos enxergar o nosso poder de avaliação, de escolha e acompanhar cada passo, o nosso e o daquele que optamos para a cadeira presidencial.
Não há garantias, não temos semideuses; o que há em nós hoje, é um alívio absurdo, pois a tirania perdeu o trono.




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