Flashes memoráveis
- Daliane Azevedo P. Guimarães

- 6 de jan. de 2024
- 2 min de leitura

Um filme musical, um capítulo de um livro... a sequência de um espaço paralelo criado apenas quando seu cérebro compreende a pausa.
"É muito melhor que voltemos aos nossos próprios ciclos exclusivos e profundos."
Inicio este 2024, fazendo retornos possíveis. Há um ano, li ininterruptamente os primeiros oito capítulos do livro: Mulheres que correm com os lobos; quase todas as impressões pós leitura, registrei por aqui, assim como, tudo que foi assistido, vivido, sentido! A vida não é linear e apesar de certas coisas se repetirem, nunca somos os mesmos quando estas retornam.
Volto de onde parei. Sigo o capítulo nove - numa solidão preenchida, que só os anos e a busca nos permitem. E encontro a justificativa para isto, no próprio capítulo:
"O único meio de permanecer agarrada a essa essencial pele da alma, consiste em manter uma conscientização delicadamente imaculada a respeito dos seus valores e utilidades."
A quem sirvo? Com quantas pontas se constrói uma teia, versátil, que funcione como sustentação a mim mesma? Dedicar-se à tarefa de "voltar", não restringir a alma, evolução cadenciosa, encontrar luz onde nada parece ter brilho... visualizar o seu autorretrato composto de todas as pinceladas de passado - na crueza da vida real.
Talvez o caminho é não perder a cor da dor, que nada mais é que aprender com os sinais do tempo, a não auto sabotar, mirar-se na ideia de ser quem se é.
"Todas nós temos nossos métodos preferidos para nos convencer a não tirar o tempo necessário para voltar ao lar (alma)" - É mais fácil seguir as convenções, se fingir de morto, atenuar a gravidade das "pressões do belo", "do insano" presentes numa engrenagem que nunca pode parar.
O calmo e tranquilo encontrado em alguns altares internos, pode vir carregado de culpa - se não bem administrado...
"É uma questão de saber avaliar a condição do brilho nos nossos olhos, da vibração do nosso ânimo, da vitalidade dos nossos sentidos."
Neste ponto da leitura, posso fazer a ponte com o filme que escolhi assistir: La La Land - Cantando Estações (2016). Sim, assumo o privilégio "conquistado" de "poder escolher" o que levo para dentro de mim. E esta obra traz, especificamente, a vontade de continuar vinculada às inconstâncias pessoais de cada personagem. É sobre sonho, sobre ter pessoas que acreditam, mas entendem que você pode ir sozinho.
Como sempre, "ler" livros e filmes é um exercício de construção da minha autoimagem e me leva à "estranha mania de ter fé na vida"! Considero ter neles recados luminosos e flashes memoráveis, posto que nos remetem à pessoas e/ou à recortes de outrora.
Lu e Mari, alguns sinais meus, seus e nossos, compuseram a minha compreensão nas duas leituras citadas: Capítulo 9 - A volta ao lar: o retorno ao próprio self e o filme: La La Land. Se carrego uma sensibilidade em mim, num grau compreensível pra vocês duas, é que em algum lugar de nossas amizades, tem um valise pronta - junto à porta, para alguma eventualidade ou decisão do que fazer depois.
A nossa alma: "ouve coisas, sabe coisas e pressente o que virá a seguir"! Sem mais a dizer, finalizo resgatando um dos trechos mais lindos do capítulo, já mencionado:
"Demorar-se demais é loucura. A volta ao lar é decisão saudável!"




É tão interessante como a sua sensibilidade e delicadeza ao escrever nos remete a várias lembranças, amiga. Nos faz mergulhar no texto como se tivéssemos aí dentro, vivenciando cada palavra escrita. Este dom que se aprimora a cada escrita, me faz refletir sobre a importância de nos permitir sermos nós mesmos e de encontrarmos prazer em detalhes da vida, em pequenos gestos, no simples... Nós permitir parar um pouco e seguir adiante em nosso tempo, em escolher sem se preocupar com o além ou aquém. Obrigada por me permitir ler e sentir o seu amor através da escrita. Amo você!❤️
Obrigada