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Infância, escola e outras questões

  • Foto do escritor: Daliane Azevedo P. Guimarães
    Daliane Azevedo P. Guimarães
  • 4 de mai. de 2023
  • 2 min de leitura

Atualizado: 5 de mai. de 2023


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Hora do almoço, numa semana comum; na mesa, alguns alunos em miniatura, uma escolinha muito real e ainda se vê uma criança brincando e criando espaços - mesmo que a pressa adulta seja para que ela aprenda a separar um tempo para cada coisa.


"As crianças brincam, imaginam e criam na mesma proporção em que os adultos conversam - durante suas principais refeições!" - um dia li essa verdade e caiu por terra tanta coisa construída aqui sobre comportamentos prontos e expectativas derramadas nos seres infantis, que me senti necessitada de aprender sobre viver as fases e deixar viver!


Não estou desconsiderando a necessidade de rotina ou questionando a permissividade, mas considero a mudança de perspectiva. Lembro ao meu mundo e ao mundo de todos que leem, da real proeza de ser criança - neste mundo louco que temos.


Quando foi que a brincadeira deixou de ser uma forma sutil de lidar com as questões internas e recriar a realidade? Quando foi que o espaço escola, deixou de ser um ambiente seguro e uma extensão daquilo que chamamos de pertencimento?


A violência que invade a inocência na escola, nasce talvez da infância não observada, da infância "dominada" e pouco vivida, da boca calada, do estômago que ressoa fome ou da barriga cheia com alma vazia, da adolescência confusa, dos descaminhos todos - gerados por questões não resolvidas...


Desvio de caráter, problemas psiquiátricos, delinquência... e tantas outras questões associadas ao ambiente em que se viveu, podem nos valer de escudo/justificativa para que "autores" cessem vidas tão pequenas - que deixam buracos enormes em corações anônimos.


Fico a buscar explicações sobre os males que permeiam o nosso existir atual e só consigo chegar no detalhe da FALTA de observação, do tempo do afeto, do apego às coisas verdadeiras, da rede de apoio família/escola, da crença em um ser superior - que nos oferece diariamente o pensamento, a inteligência e nos permite revisitar - ainda que doa, recortes de nós que ora ferem e ora podem curar.


Escrever foi a forma que encontrei para o meu repensar, revisitar e recompor a minha história. Este é um dos textos que mais tempo me exigiu por dentro, porque ele é composto de indignação, tristeza e muita vontade de apreciar um universo infantil mais livre e a escola como um espaço de reconhecimento de nossas capacidades - sem perder de vista a maior delas: "criar vínculos de afeto"!


Termino com a frase de um ex-aluno, numa feira de Ciências da sua nova escola. Ao encontrar comigo e com a professora Nildeth, ele nos confessa: Sou um discípulo de vocês. Contemplamos seu projeto, ouvimos suas palavras, aceitamos que contribuímos, no entanto, fomos apenas guias e vejo que continuamos a receber um olhar recheado de verdade.


Por mais conexões que curem!

 
 
 

1 comentário


julioczarfernandes
julioczarfernandes
05 de mai. de 2023

Amor... Que sábia reflexão! E seus textos... Cada dia melhores!!

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