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Nosso mês

  • Foto do escritor: Daliane Azevedo P. Guimarães
    Daliane Azevedo P. Guimarães
  • 6 de mai. de 2022
  • 2 min de leitura

Maio acordou e com ele todos os sinais de vida que a terra já me enviou. Iza conta com precisão cada segundo pra chegar o mês dela, que também é nosso. O mês das mães vem carregado do mês Iza, e de todas as possibilidades de viver a vulnerabilidade e a força que este paradoxo materno traz consigo.

Acredito que é o meu melhor papel, com toda a carga interna que ele transfere. Ser mãe é um jogo sem fim, com prêmios, caminhos, paradas, derrotas, batalhas... Os meus não serão os seus, assim como os seus passos, devaneios e medos não serão meus.

Com seis anos e potencialmente criança, me ensina mais que muito adulto por aí. Construo aconchegos e ela só para neles quando quer, vivo limites particulares e ela sente cada um numa intensidade que espelha a minha criança interna.

Vejo-me em seus traços faciais e na leveza de sua dança, assim como enxergo a assertividade paterna. Questiono-me como pode haver alguém que se encanta, sonha, desenha, imagina... e ao mesmo tempo ser tão justiceira, atenta e capaz de se impor - como o faz!

Ser mãe desta pessoa fez-me por vezes esquecer de mim, da minha caminhada, dos meus anos. Vivemos e chegamos a outra fase, em que ela se potencializa como uma pequenina mulher e me empurra para a minha individualidade. Controverso e leal tudo isso.

Em março fiz 40 e acredito viver minha melhor versão. Faço o que posso por mim, faço o que consigo hoje para os meus e tenho a liberdade de estar em evolução.

As portas ainda fechadas em minh'alma poderão se abrir ou continuar fechadas se preciso for. Graduar-me como mulher dentro do meu próprio curso. Muito mais do que uma família numerosa, títulos, reconhecimento, prezo cada vez mais pelo fascínio dos detalhes, pela alegria dos poucos e bons amigos, pela palavra consciente, pelo silêncio necessário, pelo levantar pós queda, pelo processo da cicatrização das feridas...

Não é sobre ser egoísta, é sobre acolher-me para receber o outro. Assumir-me falha sem submeter-me ao menor degrau, posto que, já percorri muito da minha estrada e ninguém mais calça os meus sapatos. Os calos são meus e o conforto também, mas venho aprendendo a ficar descalça - como fazia nos meus primeiros anos, quando só tinha a infância e queria só SER.


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Minha filha traz o melhor tom para o meu olhar. Uma pressa de ser feliz, de encontrar quem ela gosta, de receber um presente desejado, de comemorar o seu mês para além do seu aniversário, de traçar no papel seus desenhos e me ouvir dizer o quanto eles estão cada vez melhores, e sem dúvida alguma, de ser quem se é e ponto.

A versão 4.0 não nega seus tropeços, mas acima de tudo pede vida, luz e estrada! Por mais meses como o "maio" que vivemos este ano. Que as máscaras caiam e que a vacina alegria possa ser o que melhor nos traduz.


 
 
 

1 comentário


julioczarfernandes
julioczarfernandes
25 de mai. de 2022

Minha admiração por seus escritos só faz crescer. Sua forma de lidar com as palavras é inspiradora.

Obrigado por seus textos!!

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