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O malabarismo feminino

  • Foto do escritor: Daliane Azevedo P. Guimarães
    Daliane Azevedo P. Guimarães
  • 12 de mar. de 2021
  • 2 min de leitura



Ontem o feijão queimou e este fato me fez lembrar do dia da mulher. Em outros tempos, quiçá até hoje, o acontecimento geraria um desconforto, como se falhar na lembrança ou na organização do tempo, não pudesse pertencer ao feminino.

Muito já foi queimado na relação do mundo com as mulheres. Avanços são perceptíveis, mas a corrida contra o desgaste da obra mulher, só começou.

Penso no quanto de machismo ainda há em mim, as cicatrizes todas que a geração anterior à minha possui e erroneamente reproduziu. É um interno difícil de retirar. Mas, realizo a ideia de que a liberdade de expressão e luta - vistas atualmente, rebate, rejuvenesce, inebria mães de meninas como eu.

Ao saber que gestava uma menina, o medo tomou conta do meu ser. Sei que não é fácil ser mulher em tempo algum e criá-la para ser livre num mundo de prisões, é uma tarefa potencialmente difícil.

No meu histórico familiar resgato memórias e mulheres "servidoras", tratamento diferenciado aos homens e uma tentativa feliz de mudança - a partir da geração da minha mãe. Brincar até a idade que o meu íntimo quis, foi uma das liberdades que ganhei. Vi mulheres no volante, dirigindo suas casas e o seu lado profissional - numa ordem de fatores que minhas avós nem imaginavam... Mas, falta-nos muito.

A ideia de que o machismo ainda impera, me arrepia os cabelos. Os resquícios nos comentários, nos olhares, nos governantes retrógrados, nos jovens ainda cegos, nos falsos "religiosos" - que pregam, baseados em interpretações baratas da Bíblia, que a mulher deve ser submissa, silenciosa, serviçal - Isso é muito de interpretação humana e pouco de DEUS e do tempo.

Já ouvi demais: "queria tanto falar o que sinto e o que penso" - que me liberto através da escrita e ouso falar aqui por muitas. Dando-me o direito de fala feminina e de ser amiga das minhas amigas.


Vejo a geração menina da minha filha, apresentar-se tão livre de amarras que realizo em mim certo ânimo. Nos agregaram expectativas de sucesso: em casa, na maternidade, na profissão e de forma robótica fomos aceitando o processo de atribuições das mil tarefas.

Sei que as mudanças precisam acontecer devagar, mas peço que não confundam: liberdade de ser mulher com "dar conta de tudo"!



Há uma importante tarefa para o agora: criar homens e mulheres mais atentos aos excessos. Muito se erra ainda, quando se oferece um prato de possibilidades nas profissões - sem nos aliviar o fardo doméstico. E ainda querem nos oferecer a parcela de culpa por ganhar espaço.


Não afirmo aqui igualdade entre homens e mulheres. Acredito que há importantes diferenças e tenho maturidade suficiente para aceitar que elas se completam. O que insisto aqui é a existência de uma liberdade masculina e feminina na tarefa de dissolver preconceitos e prisões, posto que o machismo tolhe o crescimento de ambos e fere especialmente uma humanidade inteira.






 
 
 

2 comentários


laylladuqque
18 de mar. de 2021

Amiga, tão sensibilidade li neste texto e mais ainda quanta força para viver o que nós mulheres precisamos e devemos muitas vezes dizer e nós falta o ar. Você falou tudo. Obrigada!

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laismbrito9
14 de mar. de 2021

Outro lindíssimo texto e tão necessário ! Continuaremos com fé na luta pela nossa liberdade de ser mulher e de criar nossos filhos sem o peso sexista de séculos e séculos. Seguiremos juntas 💛

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