O que é meu...

Aprendi e continuo aprendendo a observar. A minha tela preferida: "crianças", como são seres livres, só querem ser e se deixamos "só são".

E continuamente são tratadas como algo a ser construído, papéis em branco, nulos de possibilidade de escolha e de respeito. As necessidades adultas precisam ser atendidas, obedecidas, calculadas...

Certa feita ouvi de alguém muito próximo que eu precisava deixar de ser criança, de sentir e expor emoções...e tantas outras metáforas que cabem nesta expressão.

Penso que, apesar de toda a pressão do mundo, ainda tenho essa infância viva, a sensibilidade "questionável", o tempo para ser - que se revelam em tudo que me proponho.

A escrita presente e que naturalmente perpassa minha alma e minhas mãos, nasceu também deste meu apego ao pueril, quando as palavras já fervilhavam em mim, mas não encontrava pouso.

Lembro-me muito das primeiras poesias, dos primeiros diários, das leituras preferidas, de alguém me dizer que eu tinha alguma facilidade pra isso, e das tantas interferências quanto ao meu tempo de "sobra", quanto as demandas que a vida adulta teria... E que algum dia, eu pudesse abandonar este passatempo.

E eu continuo, continuo e continuarei. Não é reação ao que falaram a vida toda, é uma brisa muito suave dentro de mim que me impulsiona a acreditar naquilo que consigo, naquilo que é de dentro, na grandeza de tocar almas através das palavras. E tudo que escrevo, é primeiro para o meu deleite, para a minha reflexão.

Escolher compartilhar é a parte mais incrível disso tudo. O retorno nem sempre será positivo, mas não guardo as palavras, assim como não guardarei a minha infância.

E treino todo dia, nunca esquecer, do que penso e sei sobre mim.

Não é pretensão, é AMOR PRÓPRIO e busca de evolução.

Quero só SER. E se pra isso, preciso observar e sentir como criança: deixe-me no quintal da vovó, brincando de SER FELIZ, com Iza e Beatriz - minha filha e minha sobrinha.

E que um dia elas queiram ler o que a adulta aqui fez, com todas as palavras que chegaram nela.