
Olhares aleatórios
- Daliane Azevedo P. Guimarães

- 3 de mai. de 2024
- 2 min de leitura
Atualizado: 10 de mai. de 2024

Para quem me acompanha por aqui, os últimos textos têm sido tesouros ou respiros no meio do caos. Episódios eternos e internos, de estrada e de paradas, compreensões e digressões. O que me pareceu distante, reestabelece um formato de rotina - sem uma gota de escolha. No entanto, eu realizo em mim, uma coleção de olhares, na direção do que me parece bom. E constantemente me surpreendo com alegrias de outros que trazem energia à minh'alma.
Nesta semana, mais estrada, mais stress, mais tensão e a tentativa de dissolver o que pesa. Uma escuta, um abraço, uma direção. Quem aparece? Um pequenino Miguel. Ele pula dentro do ônibus, conversa muito e conta a todos que era a sua primeira viagem. Que alegria vê-lo brilhar. Lembra a minha filha, lembra o meu motivo, lembra o meu caminho.
Durante o estudo, paradoxos fervilham: eu posso, está difícil, vamos em frente, cada passo por vez - versus, não consigo, não é pra mim, me tira daqui, como vou me organizar... É a mente refletindo as decisões. E no meio de tudo, as palavras.
Sempre elas! Chegam pelos amigos, pelos professores atuais, pelos meus alunos, pela família e pela minha consciência evolutiva. Sim! Aprendi também a confiar em mim, diante do que fui, do que sou e da abertura para o futuro que quero ter.
E a vida vem sendo irônica. O nascer e o morrer, pode ser um sopro. Tudo muda, com a absoluta certeza da nossa falta de controle. Temos a ilusão dos méritos, dos créditos, das benesses, e nos deparamos em todo tempo com as vulnerabilidades - nossas e dos outros.
E no meu poço de ansiedade, uma poesia. Um andarilho se aproxima, pede licença e declama versos atribuídos a Chico Xavier. Eu escuto com atenção e não lhe ofereço nenhuma ajuda financeira - mas dentro de mim, as palavras pousam, porque literatura pelo suporte da delicadeza, veleja mares pouco explorados.
Se eu pudesse lhe daria mais do que a minha atenção, não por obrigação - mas pela sutil experiência com as palavras. Gente deveria ser sinônimo de gentileza! Como Miguel encontrou poesia na sua primeira viagem, e este artista encontra beleza e o ganha pão no terreno do dizer com afeição.
Hoje, puxava a minha mala pelos corredores da Universidade e para além do compromisso da aula, encontrei o olhar do professor, o cumprimento, a pergunta, a humanidade. E entendi, mais um pouco sobre: cuidado, prazer e compromisso. Sou mais uma, mas única! Sou muitas e ninguém! Tudo depende da forma, do foco, da crença no meu caminhar.
E para revelar minha atenção dispensada às sutilezas presentes, sinto um perfume semelhante ao de uma amiga - que está distante fisicamente, mas muito próxima nos últimos meses - dos quais nada mais sou do que resiliência.
Graças a Deus, ao entendimento de que nada é pra sempre e aos corações das "minhas pessoas" - responsáveis pela grandeza de todos os detalhes que compõem meu universo.




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