Quando ele tiver que cair...
- Daliane Azevedo P. Guimarães

- 8 de set. de 2022
- 2 min de leitura

Juntando os caquinhos de uma semana bem forte, abro a agenda da minha filha e uma surpresa: o dentinho de leite de número dez, colado na agenda por tia Thamires. Um cuidado que poucos teriam, um exemplo de compreensão da infância - que esperamos numa escola.
Foi uma grata alegria saber que minha filha, no seu espaço escola, está cercada de amor e validação de sentimentos. Mais uma vez, em conversa com ela, percebi o quanto ofereceram acolhimento. Há o susto, pelo medo do sangue, a inquietação pela sensação diferente na boca e a novidade para os colegas de classe que presenciaram a situação.
Para os contrários à infância e a tudo que cerca tão bela fase humana, o que descrevo aqui tem pobreza e pouca importância. Mas só sinto muito, pelas pessoas que simplesmente não importam. Sei que perdem o tempo da semente, pensando na sombra, na planta pronta e no fruto - que porventura possa vir um dia.
Eu continuo pensando em plantar e encontrando pessoas que plantam. Thamires é uma delas e realiza muito no seu trabalho de alfabetizar corações, interpretando a vida a partir da visão que tem de infância, de cadência, de respeito pelo humano que chega em suas mãos.
O dentinho que voltou pra casa, permanece no potinho de coleção de Iza, junto com o recado deixado para a fadinha do dente - escrito a próprio punho, com a destreza de alguém recém alfabetizado no mundo das letras e veterana no mundo das histórias e dos sentimentos mais intensos.
Aqui alimentamos toda a fantasia ligada ao mundo dos seres de luz - que chamamos de criança. E enquanto outros tendem a colocá-la numa caixinha fechada: marrenta, feminista, cheia de vontades, desenhista, "bichinho desconfiado", inteligente, nervosa... e qualquer atributo que nem quero saber; nós aqui a chamamos de filha. E há muita coisa dentro desta palavra.
Ela mesma responderia em alto e bom som: "- Não sou isso que está falando de mim. Sou IZA e meu dente cairá quando ele tiver que cair. Mamãe, Papai e agora tia Thamires, conhecem bem o recheio todo que essa resposta tem.
Ter medo, receios, agonia, pressa ou não... é humanamente natural. Quem não os assume em si mesmo, não saberá respeitar o outro. Tudo é processo! E os melhores são de dentro pra fora.




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