Que assim seja!
- Daliane Azevedo P. Guimarães

- 10 de mai. de 2024
- 2 min de leitura

Em uma das aulas "reencontro" Mário Quintana:
"O relógio costura,
meticulosamente,
quilômetros
e quilômetros do
silêncio noturno."
Analisar textos é supor, encontrar-se, é subjetivo, é ousado, é risco... No entanto compõe a nossa história, ecoa suavidades e dores esquecidas, explica o não dito, poetiza lugares que a ansiedade quer roubar.
Noite, quilômetros, relógio, desarranjos emocionais, quebra de acordos com as tensões e no espelho do tempo, o silêncio noturno me enche de recortes inacabados.
Compreendo que a delicadeza deve ser treinada, ao passo que a falta dela, deve ser acolhida num espaço, cada vez mais confortável. Somos humanos, posto que mortais. E nada mais somos do que tentantes. Reconheçamos em cada sol, nas voltas do relógio, o tilintar daquilo que se propõe.
Que eu não perca as forças, duvidando de mim! Que eu não perca o olhar prazeroso, quando a lágrima embaça! Que eu não perca a alegria da palavra, quando me interpretam diferente! Que a necessidade de controle e cumprimento das horas, não me impeça a costura dos silêncios!
A preocupação com a assiduidade é herança, meu inconsciente aliado à imagem, à representação de papéis que me custam, ora me realizam, ora me sobrepõem...
E não quero que o relógio me marque de ausências, por isso a reflexão - tão necessária.
Que eu me conduza à evolução, a partir da revolução do interno, do meticuloso, da solidão aceita e assistida, do estranhamento de mim mesma - enquanto os quilômetros e as horas preenchem as minhas escolhas, destinos, subterfúgios, janelas, alterações e devaneios.
O tecido do tempo se faz texto, e é nele que repouso o meu sentido primeiro do existir. Sem a escrita, suponho não suportar a costura que vem sendo feita.
Gratidão às respostas no formato de novas dúvidas! Que assim seja!




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