Que exista amor para recomeçar
- Daliane Azevedo P. Guimarães

- 7 de jun. de 2024
- 3 min de leitura
Atualizado: 8 de jun. de 2024

Uma manhã de maio, nem tão comum, ouvia um programa de entrevista. A artista entrevistada: Tetê Espíndola. Dentre as canções mais cantadas: Escrito nas estrelas. Linda canção!
Lá em casa alguém completando nove anos de vida - começa a cantarolar, uma menina que gosta de música, de cantar despretensiosamente, do diálogo recheado de curiosidade e mais do que "um caso do acaso", acredito que "o nosso amor estava escrito nas estrelas"! Nove anos me ensinando a ser um pouco melhor a cada dia, por ela, por mim, por nós três.
Temos muito em comum, na mesma proporção em que as diferenças aparecem, na mesma cadência em que o diálogo organiza-nos quando a impaciência estremece. Nenhuma fase até aqui deixou de ter o seu encanto, mas a atual - vem sendo pincelada de novidades. Ela conversa sobre qualquer assunto, ainda que seja para perguntar. Aliás, fazer perguntas é seu esporte preferido! (Risos)
Encanta-nos o gosto pela geografia, pela biologia, pela história do nosso país, pela lógica matemática, o seu recontar tão detalhista das histórias, o seu desenho cada vez mais perfeito... apesar de não haver muito apreço pelo ensino sistematizado. Ela é a busca prazerosa do conhecimento, o gosto pela expressão - sem pressão.
Forte interesse por histórias, pela vida secreta de cada novo animal. Nenhuma conversa passa por seus ouvidos, sem a opinião honesta dela. Seu tempo de execução de tarefas metódicas, se difere do seu tempo de fantasia, questões sobre a vida, exposição de sentimentos.
Ela é intensa! Leva a sério suas criações, desde os vídeos, os personagens que dialogam até a posição em que os brinquedos tomam.
Ela frequenta os meus pensamentos diariamente, é minha melhor produção, meu livro mais precioso, meu estudo mais meticuloso.
Na quarta à tarde tivemos a conversa mais repetida dos últimos meses. Ela dizia não querer ficar longe e eu explicava a necessidade de continuar os meus estudos. Nunca ficamos tão distante por mais de um dia e ultimamente isso vem sendo treinado todas as semanas.
A parte mais difícil dos estudos é mesmo a distância dela! No entanto, nós nos confidenciamos a saudade, aproveitamos os reencontros e já visualizo certa independência em mim e nela. Repetidas sensações de dar asas e fazer voo solo.
Não controlamos o destino, mas sinalizamos escolhas e maturidade, em cada recanto do tempo. Passaram-se nove anos de maternidade, da presença dela, da intensidade da nossa vida juntas e não há como narrar o inenarrável.
Nada é mais educativo do que a abertura ao diálogo que o "ser mãe" de Iza proporciona. É renúncia misturada à possibilidade de recomeços. É ser mulher em muitas facetas e na melhor das versões, mediadora de outro ser feminino - que desafia-nos a respeitar o seu jeito peculiar de fantasiar e justificar as suas escolhas.
Fecho este texto/homenagem com uma música que cantamos juntas no carro, da qual surgiu mais um dos nossos papos filosóficos:
Eu te desejo não parar tão cedo
Pois toda idade tem prazer e medo
E com os que erram feio e bastante
Que você consiga ser tolerante
Quando você ficar triste
Que seja por um dia
E não o ano inteiro
E que você descubra que rir é bom
Mas que rir de tudo é desespero
Desejo, que você tenha a quem amar
E quando estiver bem cansado
Ainda exista amor pra recomeçar
Eu te desejo muitos amigos
Mas que em um, você possa confiar
E que tenha até inimigos
Pra você não deixar de duvidar
Música: Amor pra recomeçar - Frejat




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