
Recentralizar
- Daliane Azevedo P. Guimarães

- 6 de abr. de 2024
- 2 min de leitura
Atualizado: 6 de abr. de 2024

Volto à Universidade, como aluna, depois de quase vinte anos de conclusão da graduação em Letras. Dessa vez, como mestranda - uma circunstância esperada em algum corredor das minhas expectativas! No entanto, surpreendentemente diferente das linhas que marquei pra mim.
O tempo em que acontece, a forma em que a minha luz reacendeu e todo percurso até aqui - valem, são legítimos, são a composição do meu processo genuíno de chegada, que divido com cada um que, em diferentes partes da minha história, fizeram-me acreditar que eu podia mais.
Hoje "sou" a coletânea destas crenças todas em mim. E é um privilégio "chegar junto" em toda e qualquer conquista.
Ouvi, certa feita, que ser solidário em instantes tristes da vida do outro, é quase que automático, é da espécie humana, em contrapartida, compartilhar da alegria "alheia" requer aprofundamento, alma, relativização dos nossos dissabores. Não é suportar o avanço, é antes de tudo oferecer ponte para a passagem de outros.
Primeira semana, primeiros passos pela Unimontes, aula inaugural. A doce voz da professora Penha nos acolhe, realiza dentro do auditório um mar de consciência política - quando traz para este espaço inicial, a arte de um gari/músico ou um músico/gari. Eu, opto pelo segundo termo, ao lembrar da história que ele revelou. Contou-nos que desenvolveu o seu dom, sozinho. Ouvimos três canções - tocadas em seu instrumento e, ali éramos alguns corações sendo "atingidos" em uníssono, pela música dele.
Poemas de outra professora, que ao mudar de rota, reafirma seu caminho - incorporando o que lhe é familiar, à uma vida literária que lhe edifica como ser social. Tudo que é grandioso, começa por dentro, na correlação dos sonhos e do que fazemos a partir deles.
Compondo o momento, as professoras Shirley e Isabella, trazem reflexões sobre: ética no trabalho científico. Antes de ser científico, precisa ser "humano". Quantas implicações há neste dizer? Respeito ao outro (participante/colaborador) das nossas pesquisas, é a maior delas. Consentimento livre e esclarecido das partes envolvidas. Validação de ideias que beneficiam. Devolver perfume às mãos de quem ofereceu rosas, sempre que for possível - não é nenhum demérito!
Ontem e hoje, escutamos sobre muitos pensadores - alguns já conhecidos por nós, por intermédio da professora: Maria de Lourdes. A "análise do discurso" nos cai no colo, com toda sua carga de conceitos existentes - ideias distintas ou complementares, que tocam especialmente no que chamamos de compreensão de mundo.
Interpretar, compreender, elaborar em nós o que fomos, aquilo que somos e o que recheia o meu saber futuro. O que lemos, como lemos e o que despertamos a partir da nossa linguagem - como professor e/ou aluno, reverberam na mudança de olhar - sempre que recalcular a rota, for um pré-requisito para o alargamento da alma.
Não há como dissociar crescimento de incômodo. Não é fácil viver, escolher, construir toda composição dos significados todos. De fato, não temos receitas! Mas é na própria linguagem e no estudo dela, que abrem-se portas e se vislumbra futuros.
Por mais dias de olho no olho, vivências e "letras"!




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