
Sobre plantas e metáforas (Sobre letras e folhas II)
- Daliane Azevedo P. Guimarães

- 18 de jul. de 2020
- 2 min de leitura
Oferecer à infância plantas e letras deve ser tarefa quase cotidiana...até onde acreditamos ser um treino seguro para que ela mesma semeie suas sementes. Na última semana aqui em casa foi intensivo. Plantou, regou, esperou, se frustrou. A plantinha cresceu e em pouco tempo as formigas levaram. Depois de uma fúria "absolutamente normal" contra todas as formigas do planeta, o foco foi a solução: "Mamãe, não tem problema, plantamos de novo!" - E plantaram! Iza e Papai no tempo e na espera natural, misturada ao imediato infantil.
E entre folhas e capítulos, limpeza e rega...uma leitura sobre morte, vida, folhagens secas e novos brotos, bichinhos e percepção de cuidado. São muitas as vezes em que explorar o quintal pode nos remeter à profundas explicações ou perguntas sobre a existência! A natureza nos salva quando metaforicamente nos compara ou instintivamente nos encontra.
Com as letras redimensiono o que vejo e sinto, num baú de possibilidades que só tem quem plantou. Digo plantar no sentido de cultivo mesmo, contato, recomeços, interações. O vocabulário interno possui palavras que ainda desconhecemos, que necessitam mesmo de poda, de saboreio do fruto, de sol, terreno em preparo, água e possível jardineiro.
Na nossa pitada de orvalho para o jardim de Iza, lhe presenteamos esta semana com: Turma da Mônica e Iza, em o sumiço do Sansão. Um incrível produto em que você pode colocar o nome e escolher a caricatura de seu filho, para que ele seja personagem de uma história. Escolhemos a Turma da Mônica por ser sua paixão nesta fase. E detalhe, ela ainda não lê (as letras) sozinha - mas sua percepção das imagens e sequências já se desenvolve bem. Então por que dar livros a quem não lê ainda? Aqui respondo com novas perguntas - Por que oferecer sementes ao terreno novo? Por que semear um jardim e esperar tanto tempo pelas flores? Por que não dar água a quem já tem sede?
O contato gesta em nós lembranças inevitáveis, ainda que as formigas levem, que as estações modifiquem a aparência e consistência dos galhos, ainda poderemos refazer nossas promessas, adubar os saberes e podar as arestas.
Como mãe disse a ela que cabelos, unhas, plantas e dentinhos...se desenvolvem durante o sono, não porque seja segredo todo o crescimento - mas para que a surpresa das diferenças nos encha de gratas manhãs.
Crianças, plantas e letras podem e devem nos desequilibrar. Contemplá-los e continuar cético é assinar o atestado de indivíduo sem causa e processos ou numa cadência processual menos colorida!






Obrigada pela torcida!!
Que leitura maravilhosa! Que as suas sementes possam produzir lindos frutos, sejam referentes à natureza ou às práticas corriqueiras do cotidiano.
Sim Ro, muito a nos ensinar!!🌷🌷🌷
Pois é Laís, Bernardo vem florescendo lindamente também!🌷❤🌳
Que delicia de ler, parece que eu estava junto com a Iza! A natureza e tão sábia e tem tanto a nos ensinar, não é? 🥰