Sobre ter uma alma musical
- Daliane Azevedo P. Guimarães

- 18 de set. de 2022
- 2 min de leitura
Atualizado: 19 de set. de 2022

Hoje escutei Marisa Monte, Pitty e depois Alceu Valença e aqueceu meu coração. São ícones da composição e muito mais do que intérpretes, trazem uma brasilidade importante. O que eu fazia ao ouvir, não importa, o que cabe aqui é o que a música pode fazer em mim.
O mercado fonográfico e os embalos forçados aos ouvidos tendem a empobrecer o cérebro jovem que tanto precisa de cultura - mola mestra para tantas outras conquistas na vida. Mas quem sou eu, reles mortal, diante de um mercado forte de hits tantos que conquistam, batucam e não ensinam?
Caio num terreno perigoso que pode ser interpretado como preconceito, mas precisaria descascar algumas camadas importantes em mim para chegar a esse veredito. Gosto de muita coisa, danço comigo, vasculho profundidade nas canções, realizo conexões... e chamo tudo isso de escolha.
O que me preocupa é quando enchem os ouvidos e pensamentos com refrões pouco inteligentes, que humilham, desgastam, transformam pessoas em objetos, erotizam e pouco validam o que precisava ser canção.
Os mais tradicionais me provocariam dizendo que há lugar pra todo mundo e música para todos os gostos. E apelação não se discute? Falta de cuidado com as pessoas não se discute? Desinteresse com a evolução e educação das pessoas não se discute?
Desconfio que querem mesmo uma "massa" sem pensar muito. Um povo que se alegra em dançar qualquer balada, seja ela desconexa ou não com aquilo que pressupõe seu valor como um "ser inteligente".
Escolher o que ouvir, quando ouvir e porque ouvir, pode te preencher de melhores caminhos. Ative-se com boa música, ouça um pouco o que nem todo mundo ouve, saia da moda batuque bom, realize faxina no lixo que depositam forçosamente nas mídias todas. Avalie o que realmente aduba o seu cérebro e celebre contigo.
Discorde de mim o tanto que precisar, mas cuide da playlist que pode entrar em você e ocupar lugares delicados de sua existência. Que lugar a música tem na sua vida? Quantas trilhas valem a sua história? Quantas letras e/ou melodias mudam o seu rumo? Quantos intérpretes do nosso país chegam em você e não estão no topo dos principais aplicativos?
Não se deixe enganar quando não te dão a opção de escolha. Ser livre também implica entender essa tal liberdade e não se aprisionar aos estereótipos de que música boa é a que "todo mundo" canta. Você não é "todo mundo", você é um mundo todo de possibilidades.
Experimente buscar arranjos bem trabalhados, compassos melódicos, letras que cuidam de sua estrada, que dancem com sua verdade e acima de tudo, te façam "mais gente" e não o contrário!




SUAS PALAVRAS ME LEVAM ALÉM DO QUE EU PODERIA IMAGINAR!! SÃO TEXTOS CHEIOS DE ENSINAMENTOS!!