Um absoluto dom de existir - uma carta para o meu 2022

A expectativa de um ano melhor que o anterior dança dentro dos maiores desejos. No entanto, a música perde o ritmo quando algumas ações humanas persistem. E nosso ser individual não enfrenta o ser coletivo, ele semeia. É necessária ação em massa, mudança de olhares, amarguras transformadas em doçuras.

Começamos com mais Corona e mais vacinas, mais desastres naturais e o despertar solidário, violências e união de forças, pois pesadelos e sonhos sempre estiveram juntos... Não é positividade tóxica - é ESPERANÇA! Sei lá como seria, sem essa tal liberdade: de entregar pensamentos, de crer que o acaso pode ser plantado, de viajar na escrita - ainda que sentindo a realidade.

Que sorte a nossa de ainda estar por aqui. Nada de alecrins dourados, mas de caminhantes recebendo o caminho e a possibilidade de mudança - caso a dor e o medo tenham te servido de lição.

É desleal não dissolver o passado, curar-nos dos tropeços e conhecer o melhor de nós em meio ao caos. Sugiro movimentos reais, passos seus e olhar crédulo em direção ao que produz de sensato e puro - sejam lágrimas ou sorrisos. Há potências e potes de ouro em lugares menos prováveis. Desvincular das expectativas e tomar posse daquilo que se é, pode ser um mergulho promissor.

Algumas direções não serão bem vistas, e mesmo assim as tomará; alguns silêncios serão "precisos" e incomodará o barulhento, algumas palavras serão proferidas e não agradará alguém - e mesmo assim, precisarão ser ditas... Sapos engolidos podem fazer brotar doenças monstruosas. Não queira monstros, te agrade, enfrente os seus fantasmas, fique longe do que esperam os outros, honre o seu coração e mude quando quiser e puder... O seu tempo a seu contento.

O nosso ser coletivo não enfrenta o individual, ele o respeita. Quantos seres somos? Quantos queremos tocar? Não conseguiremos ter PAZ interna - se não possuirmos o ritmo, o balanço e o dançar da música preferida.