
Somos mais que coisas
- Daliane Azevedo P. Guimarães

- 26 de jan. de 2023
- 2 min de leitura
Um fim de férias, um horário, uma conversa sobre o trânsito, um motorista de UBER e num intervalo de dois pontos, ele nos revela sua luta contra uma rotina. Quatro tentativas de suicídio, depressão profunda e antes disso uma conduta de vida, com excessiva carga de trabalho e pressão psicológica para cumprir relatórios.
Em quinze minutos nos mostrou que dirigir e conversar, tirou dele um problema que os tantos remédios não conseguiram. Quão importante foi ouvir tanto em tão pouco tempo.
Não o conhecemos, mas nem precisou para que a intimidade do encontro com o acaso nos fizesse pensar.
Dirigir movimenta as mãos, o olhar atento, a receptividade com os "diversos" que aparecem a cada corrida e no outro se espelham histórias, que passam a ser também dele. Mudou a direção e encontrou um caminho de equilíbrio.
"Viver é vulnerável", para todos - os que enfrentam leões: pequenos e grandes, ferozes ou dóceis, mas sempre enfrentamento.
Um arco-íris no dia anterior, um relato e duas possibilidades de encontrar o pote de ouro lá no fim ou no começo de cada etapa vencida! Nada é em vão!
Ouvir histórias, antes de prevê-las, antes de oferecer respostas, soluções e leituras nossas. "Escutar com os olhos" e, saber quem fomos, quem somos e quem queremos ser... descascando preconceitos e com valentia, percebendo que somos muitos - em legítima defesa e na observância do que é diverso.
No fim do dia, visualizo alguém que chora no canto da loja - expressando ansiedade e pânico. Uma pessoa do seu lado, oferecendo palavras e principalmente presença. Quem não? Quem nunca? Quem somos senão as duas partes que se encontram na vida? Ora chorando, ora levantando o outro que chora.
Depois da luta, tempo de retomada da direção. Não somos uma coisa só... E nem quero! A mutação, os segundos vividos, um ponto, os afetos, os vínculos e nada mais. Somos potes de ouro no arco-íris, pra nós e para alguns outros. Somos mais que coisas!!




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